domingo, 10 de outubro de 2010

Poeta Marcelo Tápia, na Casa do Mário. Do Modernismo aos saraus na periferia.

Sexta-feira sampa! Primaveril feira de estações. Esquentou. Choveu. Garoou. Fez frio. O mormaço febril às 18 horas.

Fuga frenética. O indulto ao volante roubado fere as ruas da Barra Funda e região. Espalha perigosas manobras. Perseguição terra ar.

Bate e empurra traseira de outro carro forçando passagem. Não deu. Deu tresloucada marcha ré. Três motos arrastadas, destroçadas. Policiais saltam do apuro, antes. Salvam-se por pouco.

Acuado, o bicho ao volante engasga saída. Cercado. Engatilhados gatilhos tiros.

O olho da tela narra:

- Tem que matar. Tem que matar. É contra meus princípios. Sou contra matar! Mas tem que matar esse marginal! O carro é uma arma. Ele tentou assassinar os policiais. O revide é necessário. Vai morrer! Vai morrer! Ao vivo. Exclusivo. Tem que matar esse bandido!

O baleado deu sorte. Dessa, escapou à morte. O fato noticia trânsito medonho.

Ladeado em quilômetros. Nariz entupido. Escapamentos buzinam impaciência.

A Casa do Mário nos aguarda.

Chegamos finalmente chegamos. Já alguns amigos poetas nos esperam. É o nosso sarau, na última sexta-feira do mês.

Hoje o professor e poeta Marcelo Tápia faz a visita.

Pra todos foi complicado chegar, mas iniciamos a conversa.

Os declamadores se tornaram ouvintes. O visitante abre a mala. A literatura povoa a sala. A sala na casa do Mário de Andrade, onde tantas vezes filtrou o Modernismo.

Movimento literário fluente, influente água bebida no pós-fevereiro de 1922, e degustada hoje em nosso encontro.

O professor Marcelo esmiúça simplicidade ao tema. Bebemos sumo.

A nova criação poética surgindo. Os motivos. Os efeitos da revolução industrial. A Europa em futurismo. A máquina. O motor. A velocidade. O passado jaz.

Em São Paulo, abraçados, o simbolismo e o parnasianismo não mais enlaçam. Esvoaça insatisfação.

A palavra busca nova sentença. Despida de amarras. Dos moldes pré-estabelecidos.

A forma. Linhas impostas. O recheio não mais satisfaz.

É o ferro. O aço. A forja. A prensa. A inventividade. O nacionalismo crescente. Síntese: ação e transformação.

E o Marcelo Tápia conta viagem da pintora Anita Malfatti, à Europa, e seu retorno trazendo contornos de outros traços tingidos em novas cores. O Fovismo.

Escândalo. O crítico Monteiro Lobato diminuiu a arte, desqualificou a tela. A atitude irritou os parceiros e desencadeou brasileirismo em nossa literatura.

A Semana da Arte Moderna, em 1922, foi o marco.

Tivemos, na sexta-feira, mais de duas horas de informações esplanadas na ideia e na imagem.

Mário de Andrade sentiu-se em casa. Oswald tomou café. E o mestre enfatizou a participação de Guilherme de Almeida, um dos mais produtivos modernistas.

Os versos, a récita, o canto de guerra. Os gambás e maracás. Vimos mais. Muito mais.

O verso quebrado, o ritmo, o som. O espaço tempo, quarta dimensão. Nada existe. Tudo acontece. É ação. A palavra em ação. Livre.

Melhor assim, sem enganjamentos. Aprisionamentos. Oração liberta, em cada um.

E, no diálogo, a realidade atual. Os saraus. O paulistano movimento da poesia escrita e falada ascende da periferia e ilumina tantas fogueiras.

Mas a antropofagia periférica não há de ser diferente do antropofágico tratado, de Oswald de Andrade. É comer e saciar-se no que de há de melhor, também!

E defecar nossa brasilidade globalizada.Verso bala, ponta de fecha. Apreender, cortar, refazer e refazer bem feito. Reinventar.

Quem quis ver, viu mais.

O apetite do poeta Marcelo Tápia contagia. Valeu!

Aos que não puderam chegar, sentimos. Aos que compartilharam, curtimos.

Até a próxima e salamaleque pra todos nós!

Sarau na Casa Mário de Andrade!

Rua Lopes Chaves, 546. Barra Funda.

(Próximo à estação Marechal do Metrô)

2ª sexta-feira de cada mês.

Apresentação: Marco Pezão e Lids.

Organização: Mapa da Poesia/Poiesis

Informações, 3331-5549, com Cris, Lids ou Marco Pezão

É só chegar pra ser bem-vindo!

2 comentários:

  1. PEZÃÃÃÃOOOO!!!!

    Não é na última, é na SEGUNDA sexta do mês!!!!

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  2. Melhor ainda é sentir o prazer de quem tem prazer em repartir saberes&sabores da poesia. Marcelo Tapia, passaríamos a noite ouvivendo 1922. E hoje o que todas as periferias urram de escritos, dizendo: - é difícil poetar nos dias atuais, talvez não tenham idéia da revolução de 22 e que estão fazendo a evolução da poesia do século XXI.
    Valew por esse dia.
    Maravilhaaaaaa

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