segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Episódio 4

Longe estivemos

Eufórico exausto copo

Foco imagem alvenaria

Reboco tijolos pilhas

Andares

Cheiros iguais

Lajeados sob antenas

Gole farto

Enlevo envolto mar

Babei

Areia sal onda engoli

Rio de Janeiro

O morro. Não morro

Feliz voltar, São Paulo

Minha quebrada

Administradora de puteiro

Como terá sido à noite?

E às horas da manhã ensolarada

Chegou em casa de teu marido

Tomou banho e se despiu?

Nua. Meu lençol de suor aguado. Guardo

De fuzil armado aguardo.

Arde a pele. Anseio tua visita.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Caravana da Poesia vai ao Rio de Janeiro

Fernando, do Sarau Vila Fundão, teve a iniciativa do projeto que visa o intercâmbio com os poetas cariocas.

Nesta sexta-feira por volta da meia-noite, da rua 13 de maio, 70, no Bexiga, a Caravana da Poesia parte em direção à Cidade Maravilhosa.

Os escritores Alesssandro Buzo, de São Paulo e Julio Ludemir, do Rio de Janeiro, armaram a programação.

Na caravana seguem poetas dos Saraus: Poesia na Brasa, Vila Fundão, Elo da Corrente, Ademar, Suburbano Convicto, Binho e Poetas do Tietê, num total de 46 pessoas.

O SESC Ramos recebe a comitiva paulista e oferece hospedagem, café da manhã, e almoço.

À tarde, sábado 18, o primeiro sarau acontece no complexo do Alemão. Depois, estaremos na Comunidade Fallet, em Santa Tereza. E ainda no ENRAIZADOS, em Nova Iguaçu, onde pernoitaremos.

No domingo, 19, depois de pegarmos uma praia, a Caravana segue para o Salgueiro. Lá, a propagada Galinhada e o Sarau de despedida marcam nosso retorno à São Paulo.

Agradecimento ao Mapa da Poesia/Poiesis pelo apoio conferido.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Episódio 3

Odeio. Odeio a mim mesmo.

Decorrente disto, eu vou te matar.

Ficas entre mulheres e homens!

Desejo carnal é o que impera!

E você administra? Cafetina?

Quarto tal, trepada tal.

Já passa das onze. Uma dose de uísque?

Teu vestido será aquele coladinho

Ao corpo, vermelho florido,

Que realça teu bumbum?

Me odeio! Quero te trucidar!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Episódio 2

A visita deve permanecer. O poeta pernambucano Miró.
Ele, no Sarau da Casa...

Acompanhei semana. Miró!
Mira saraus?
Binho, Buzão, Mário de Andrade e Casa das Rosas.
Ó ó ó, o poeta Miró em sampa faz escola.

- Administrar um inferninho não é solução!

Imagino madrugada. O sobradão.
Mulheres davidaaaaaa!
Você. Seu jeito. Detalhe de seios mostra:
Puta inveja do caralho!

Cícero, cordelista, acredita.
Do Itaim Paulista, na Casa Mário de Andrade, lêêêêê!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Episódio I

A cueca me dava conforto.

Foto de rosto, a voz, restante do corpo.

Sonsos olhos despertos no sofá, meus.

Buquê de braços estendidos, teus.

Esvai-se a visão. Confuso recado.

Perdura o rastro insistente...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Microconto

SUFOCO

Ar! Onde?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Fotos e fatos

O convidado Poesia na Brasa, da Vila Brasilandia, marcou a despedida do Sarau do Metrô, na estação Santa Cecília, em 26 de outubro. De casa nova, na estação Paraíso, o Elo da Corrente comanda o palco na terça-feira, 30 de novembro, das 18h às 19h30.

Microfone aberto, no derradeiro do ano, terça-feira, 21 de dezembro, o Sarau do Metrô Paraíso vem trajado de confraternização. É o Sarau do Abraço.

E a Casa das Rosas virou Mansão Macabra, no halloween de 30 de outubro. O sarau atravessou a meia-noite e foi de assustar.

A plateia lotou as cadeiras, mas faltaram declamadores. Mas, evocado o Satã, de Boudelaire, os presentes se apresentaram e a poesia ganhou voz.

Não fomos muitos, mas o bastante para nos divertirmos com a palavra.

O poeta Atanágoras atendeu ao chamado satânico.

Satanicamente falando. O nosso colega leu o Návio Negreiro, de Castro Alves, inteirinho! E ninguém reclamou.

"Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais..". Gente nova apareceu.

E o Dirceu servindo ao mestre das profundezas declamou várias.

E a madrugada, sinistramente de pernas belas, se completou com o Zé do Caixão e seu séquito.

Em conversa descontraída, Donny e Mojica.

"Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria"...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vivendo poesia, com Augusto!

Ao centro, o Augusto. Poeta conhecido nosso. Bons anos de Cooperifa. Hoje aqui no Binho. Remeti ideia no e-mail e a resposta foi o bate papo dos teclados que agora preenche o nosso Vivendo Poesia:

Pé - Qual seu nome completo? Idade e o estado civil? Bairro onde mora?

Augusto - meu nome é augusto cerqueira neto, tenho 32 anos, apaixonado e moro na piraporinha.


Pé - Qual a profissão? Trabalha? É formado? Estuda?

Augusto - sempre trabalhei atrás de balcão, vendendo coisas, mas agora não estou trabalhando, não.

estudei até o ensino médio e parei. ou seja: vagabundo nato!

Pé - O time do coração?

Augusto - simpatizo com o corinthias.


Pé - Participou de antologias?

Augusto - sim. participei do rastilho da pólvora, pelas periferias do brasil e d´um segredo no céu da boca.


Pé - Tem livro publicado?

Augusto - ainda não.


Pé - Participa ativamente de algum sarau ou grupo? Como e quando começou
o envolvimento, local?

Augusto - basicamente estou sempre nos saraus que acontecem na zona sul. a cooperifa é do lado da minha casa, então é de lei eu estar lá nas quartas. adoro ir n´ademar, na fundão e no binho também. lembro a primeira vez que eu fui em um sarau, levado pela minha irmã. foi logo na cooperifa. era 2003. nesse dia mesmo recitei 'geni e o zepelim'. o povo gostou e desde então estou por ai lendo poesias minha e dos outros.


Pé - Garantir o próprio sustento através das criações literárias, da palavra,
venda de livros, é utópico?

Augusto - certa vez vi o marçal aquino dizer que tem uma igreja com dois mil fiéis, que é a quantidade de livros que ele vende em cada lançamento.

para um autor do cacife dele, acho pouco. o leitor brasileiro se deixa levar pela lista dos dez mais da veja e muitas vezes desconhece os autores nacionais. essa é a realidade.
eu acredito piamente que além de textos e poesias, estamos criando, sim um mercado paralelo na periferia onde o livro feito com apoio ou independente são consumidos pelos amigos e por quem frequenta os saraus. daí a garantir o próprio sustento, vai do talento. mas não acredito que seja utopia.


Pé - Você tem conhecimento e como você avalia os incentivos dados pelos
governos em prol da cultura na periferia?

Augusto - não tenho muito conhecimento do processo burocrático para conseguir um apoio do governo na produção artística, mas conheço muita gente que tá correndo atrás e fazendo coisas maravilhosas com essa grana ai. vide o livro da brasa e o curta saraus.

acho super valido nos organizarmos para cada vez mais trazer essa moeda pra cá, se não vai sobrar é pros consagrados mesmo.

Pé - Como a poesia passou a fazer parte da sua vida?

Augusto - a poesia entrou na minha vida através das musicas que minha mãe cantava.

ela me ensinou a gostar de roberto carlos (um dos grandes poetas vivos. rs).
aprendi a ler muito cedo também. lia aquela coleção 'para gostar de ler' onde fui percebendo as diferentes formas de textos.
e a poesia sempre foi a minha preferida.
escrevia para as namoradinhas da sala, nos aniversários das tias ou quando alguma coisa me sensibilizava.

Pé - Qual seu autor preferido?

Augusto - um só? rs.
quando leio esses dois estou perto do céu: dostoiévski e buckowski

Pé - Como você vê o atual movimento poético? A quantidade de saraus
espalhados por Sampa?

Augusto - vejo com muito entusiasmo.

é maravilhoso você saber que, em qualquer dia da semana você pode ouvir e ser poesia nessa cidade concretada.


Pé - A literatura está a serviço do social? Ela pode influenciar o país
politicamente?

Augusto - a literatura consumida hoje em são paulo, não esta a serviço do social, mas vejo essa tendência em muitos textos da galera que vai nos saraus da periferia.

acho meio complicado falar pelos outros em literatura. escrever é uma atividade extremamente solitária.
o brasileiro sendo altamente influenciavel, pode vir a descobrir esse nicho da 'literatura social' que esta se formando e, ai sim, criar juízo e parar de votar no PSDB. rs


Pé - Recentemente tivemos a Bienal Internacional dos Livros, comente o fato
de não termos nenhum estande dedicado aos escritores e poetas anônimos
da chamada literatura marginal?

Augusto - o fato é esse: o livro no brasil é visto como entretenimento e não como agente transformador.

acredito que nós, periféricos, traremos essa visibilidade para o "objeto" livro e só então participaremos de um evento desse porte.
mas isso também não me chateia. trabalhei nas ultimas duas bienais e aquilo lá parece esteira de aeroporto: só tem mala!
temos é que organizar os nossos próprios eventos. o mutcho, lá do jd.helga, está organizando o 'festival desgramado de cinema'.
isso é legal. o caminho é por ai.


Pé - O comentário que fica?

Augusto - caros queridos; escrevam suas impressões de mundo antes de ir pra cama. ele se mostrara melhor para vocês.
e visitem o meu blog de vez em quando, pois eu mesmo só vou la nessa periodicidade. kkkkkkkkkkkkkk
força na piruca!

Aí o mano Augusto. Participou com a gente da oficina de microcontos e curtimos reencontro. A poesia nos edita:

haviam seis homens do hindustão,

inclinados muito ao saber,
que foram ver um elefante
mesmo sem a faculdade de ver.
queriam apenas com a observação
suas mentes satisfazer.

um,chegando ao elefante,
contra a lateral se bateu.
tateando seu flanco largo
disse como em apogeu:
"sem mistério, o elefante
é um muro que alguem ergueu.

o segundo , tocou a presa
e disse com confiança:
"redondo, liso e afiado...
poderosa é a semelhança
que o prodigioso elefante
tem com a esguia lança.

o terceiro foi ao elefante
e logo fez sua manobra.
pegou a tromba do animal
e disse com certeza de sobra:
"eu falo só o que vejo;
o elefante parece uma cobra."

o quarto tocou avidamente
um pouco acima do joelho.
"esse maravilhoso bicho,
vejo claro como um espelho...
é sabido que o elefante
com uma arvore faz parelho."

ao quinto, coube a orelha.
ele disse:"até de pileque,
eu nunca que negaria,
pro idoso ou pro moleque,
que o maravilhoso elefante
se parece com um leque.

o sexto se preciptou
a tatear o elefante.
pegando no rabo do bicho
disse no mesmo insatante:
"posso ver que essa fera
é parecida com um barbante."

os seis cegos do hindustão
criaram um grande enfado.
cada um com uma "visão",
estavam totalmente errados
e ao mesmo tempo estavam certo
naquilo que tinha notado

domingo, 14 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Microcontos

CONJUNTIVITE
Se os olhos são espelho da alma,
a minha coça e arde.

POLENTA

- Que rabo, mulher!!!

domingo, 7 de novembro de 2010

Falando de nós

Mapa, o mesmo. As trilhas são outros quinhentos. A porta de entrada serviu quem chegou.

Outubro das tardes recheadas de sábados. Versos em movimento. O livro ecológico.

A convivência estimula. A experiência motiva novos encontros.

Marcelino Freire, escritor, mestre dos microcontos. Soro e sonda. Oficina literária nevrálgica. Adjetivo e advérbio pesam. A arte de escrever é saber cortar...

Lúcia pinta e borda cores, valores da reciclagem. Do papel, papelão, gentes: projeto Dulcinéia Catadora.

Fincamos ponte: Augusto, Alisson, Binho, Fernando, Flávia, Pezão, Sônia, Priscila, Thânia, Shirley, Luciano, Lids, Capoeira, Isaur.

Agradecimento geral. Mapa da Poesia/Poiesis, por organizar.

Instituto Artemanha de Teatro, por nos receber.

Direto no Ponto, pra ler no buzão, é o nosso fruto.

Na segunda-feira, 01, fomos ao Sarau do Binho e lemos nossos microcontos.

O mestre Marcelino Freire mandou ver:
- Quanto custa seu programa?
- Uma boneca.

A poeta Lids homenageou o escritor e rasgou fundo:
Tá me ouvindo bem?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dugueto leva oficina de rap na Vila Fundão

Conheci a quebrada via Sarau da Vila Fundão, que, com elegância, neste mês, completa resistência de três anos.

Na foto, o dj Formiga ensina o tempo dos acordes. O Espaço Nego Du é projeto cultural do Periferia Ativa, que conta com o apoio do Mano Braw e do escritor Ferrez.

Crianças e adolescentes acompanham a visita do poeta Dugueto no exercício de sua oficina, de rap.

Ritmo e poesia não é acaso...

De um a oito a rima conta...

E a vida ensina a dança.


Oficina de Ritmo e Poesia com Dugueto

Apoio: Sarau da Vila Fundão e Mapa da Poesia/Poiesis

Sarau da Casa completa um ano!

Perfil próprio.

Primeiro, dois poetas são entrevistados.

Depois, abre-se o sarau ao público.

Então, músicos e canções fecham o encontro mensal, na Casa das Rosas.

Um ano.

No próximo dia 20 de novembro, os convidados serão Annita Costa Malufe e Marcelo Montenegro.

A multiplicidade da poesia reunida num bate papo. Proveitoso aos ouvidos de quem se interessa.

Ouvidos que não vão embora sem o instrumental. O Azure! Jazz e blues das décadas de 1930 a 1960.

E quem não vem, perdeu.

Em 16 de outubro estiveram na casa: voz e violão. Linguagem musical de gatoNegro Duo: Natalia Mallo e Ramiro Murillo.

E os poetas: Andréa Capróta e Reynaldo Damazio.

pão e circo
Andréa Catrópa
lá fora o sol
arde
banhistas
se afogam
miniputas
pedintes
ralam
espremem a fruta
até o bagaço

turista atônita
não menti
não tenho
trocado
não guardo
pães e biscoitos
no armário

o que está
em jogo
a minha
a sua
dignidade
em trapos
lançados
como fera e cristão
neste asfalto


COÁGULO
Reynaldo Damazio

mesmo que as margens do discurso se percam
entre nevoeiros de publicidade e palanques de ocasião
uma palavra sempre se desgarra e cobra sua presença

no escuro da quebrada, na blasfêmia do fodido,
no chamado da mãe que se desespera, na saudação
do maluco que sabe de alguma beleza secreta

essa palavra vai se tornando um coágulo e segue
indiferente a poderes, vaidades, moedas, o caminho
da contaminação, alucinando o trabalho dos dias


Boca pronta pra declamar poema, participe!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A quem eu chamo rosa

Descobri em ti formosura. O desabrochar da flor...

A paixão, cada dia passado, toma forma. Em meu julgar radiante. Gotas de chuva, em mim, são lágrimas; a ti agraciam tuas pétalas. Espinhos são acúleos e não te ferem. Protegem...!

Não padeces e projetas imensidão. Rompes delírio e triunfas raios de sol...

Reconheces minha admiração e não se atém. Conhecer a si mesma é aventura. Teimo em conquistá-la e sou mais um a amparar tua beleza...

Pertences ao mundo, ó jovialidade. Sonhos. Em dividir atenção atendes; e clama em favor da natureza. E tudo, o todo a passar...

Eu somente outro enamorado espectador do teu encanto...


Possuo e não há tenho. Sublime momento quando o pólen germina aurora. Estás pronta. És plena...

Em revoada os pirilampos. Um aqui, outro acolá, contra meu desejo; lumes se apagam mais rápido que lento...

Perfeita magnitude, também sombras invadem...

Altiva, aceita o sorriso entristecido...

E, por fim, soma à morte; real composição do tempo...

Em mim, a verde folha vive quanto mais...


À espera, talvez, do renascer...

A quem eu chamo rosa....

(Pra Otília, pois dela um ramo outro fez a criação)