sábado, 16 de outubro de 2010

Marco Pezão na oficina do mestre Marcelino

Em nosso segundo encontro, sábado, 9, no Instituto Artemanha de Teatro, Campo Limpo, cada qual leu os exercícios propostos na aula anterior.

Ficou combinado que todos devem enviar seus trabalhos para serem publicados e arquivados aqui no blog, o que vai falicitar a hora de montar nosso livro ecológico.

Até agora, Priscila Preta, Flávia de Lima, além deste, cumpriram a conversa.

O mestre Marcelino Freire retorna no dia 23, sábado, das 14h às 18horas, e quem chegar no horário ganha um pirulito.

A lição de casa que devemos entregar diz respeito a uma relação de cinco coisas que costumamos esconder.

O exercício pode ser escrito em forma de microconto.

Hoje, sábado, das 14 às 18 horas, a poeta e pintora Lucia, do Projeto Dulcinéia Catadora, irá mostrar como fazer a capa do nosso livro ecológico.

Exercício da 1ª aula da oficina do escritor Marcelino Freire.

Eu me lembro de um adeus

Asilo. Exílio. Seis pessoas à minha frente. Longo corredor. Portas abertas, pessoas aguardam.

Estou eleição abandonada. Na vez de entrar na sala de aula. Fiscal ereto guarda passagem.

Policial chega na postura. Outro atrás. Intimida privilégio. Fica entre nós, no vão.

Não cedo.

Não vem de cedo o temor. A farda persiste em direção ao mesário.

Levo, na mão suada, a cola. Atmosfera.

Um peso!

Malgrado. Tento, dele, me desfazer.

Corcunda oriunda de abstrato peso.

Milhares de santinhos sem crédito são pisoteados nas ruas.

Crença umedecida e pegajosa adere meus pés. Hesito permanência.

O céu choreia deveres patrióticos. Sinistra marcha, minha.

Estou eleição abandonada. Prestes a levar um tiro.

Resoluto. Tiro, hoje, o cangaço!

Espectral escrutino tecnológico. Lógico.

Em riste, dedo!

Incômodo cômodo vazio. A cola em branco.

O meu dever. O meu dever é não dever nada a ninguém!

Luto. Exaspero. Nada mais espero.

Nego-me olhar a tela e confirmo luto.

Anulo-me, dói-me, e sorrio bons dias.

Aliviado! São!

Saio e deixo a urna.

À urna, à urna, à urna, o morto.

Adeus!

Exercício de microconto

TERMINAL DO CAMPO LIMPO

Cresce pra trás. Anda de lado a meio passo.



Marca distância à frente. Marche!

Engate de marcha.



Paciência, muita!!!



ÔNIBUS LOTADO

- O homem é gordo demais!
- Não passa na catraca!
- Tem que descer pela porta da frente!

- Agora enfezou! Nem pra baixo nem pra riba!


AGLOMERAÇÃO DE CURIOSOS

- Sai de cima que o defunto vai ficar sem ar!


PASSAGEIRO SESSENTÃO

No ônibus, quando uma mulher cruzava as pernas e
os joelhos ficavam à mostra...

Oh, joelhos!

AMADA NEGRITUDE

Mulher da cor das asas da graúna

vivência nos uma

em vôo maior

REPARTIÇÃO PÚBLICA

Sepulcro fundo funcionários rasos.


Oficina de Criação Literária com o escritor Marcelino Freire

Apoio:

Instituto Artemanha de Teatro
Estrada do Campo Limpo, 2706 - Campo Limpo

Organização:

Projeto Mapa da Poesia/Poiesis
Fone: 3331-5549

Frase do dia

"A dúvida é autora de insônias cruéis. Ao passo que, inversamente, uma boa e sólida certeza vale como um barbitúrico"

Nelson Rodrigues

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Aniversário do Politeama em novo endereço.

Bárbara Leite, do Politeama, convida...

"Olá...

O Politeama - sarau diverso - comemora 3 anos de vida. E que vida!

Foram tantos os momentos especiais.

O primeiro sarau das flores realizado no Miscelânea Cultural.

Depois fomos para o Café São Paulo. Um sarau precioso na escola Ad Libitum.

Uma rápida passagem pelo Puri Bar.

Uma temporada inesquecível no Caretas Bar.

Um sarau abarrotado no receptivo Kabula Bar.

Uma longa caminhada cheia de gentileza e atenção no Fidalga 33.

Todos foram e são essenciais para nossa história.

Fica registrado nosso agradecimento a todos que abriram suas portas para a realização deste projeto que começou sem pretensão alguma.

Amigos reunidos celebrando a criação do outro. Ouvidos atentos e coração aberto. Uma grande festa. Que passou pelo quarto de Marco Vilane, pela cozinha de Blau, pelo quintal de Beto Vasconcelos, pela varanda de Rafael Leite e pela sala de Tiago Rocha.

Uma grande casa chamada até então de Clube da Santa Cecília. Mas esta casa precisava ser compartilhada. Nasceu então o Sarau diverso. Posteriormente agregado o nome como somos conhecidos. Politeama - sarau diverso.

Queremos agradecer sua presença nestes 3 anos.

E pro ano novo que chega, uma nova casa pra nos abrigar."

Botequim da Villa
Rua Fradique Coutinho, 1346- Vila Madalena
(Entre a Purpurina e Wisard)
Tel: 3926-2979
www.botequimdavilla.com.br

Data: 19/10/10 (terceira terça-feira)
Hora: 20h 46m
Pocket show: Dandy, o poeta cantador
Entrada: R$ 1 (repasse ao técnico de som)

Músicos, tragam seus instrumentos!

O que nunca muda são nossas premissas: Gentileza e atenção.

Portanto, terça-feira é dia de festa!

E você que faz parte desta história tem que estar presente.

Convidem seus amigos! Nos vemos lá!

POLITEAMA – sarau diverso -

Blog: http://politeamasarau.blogspot.com/

Foto Mania

A onda

a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda a onda

(Poema de Manuel Bandeira
. Na foto, o amigo Marrom, técnico do masters Pirajussara, Taboão da Serra, em jogo nada feliz do seu time. Futebol varzeano, curtição das domingueiras regadas à cerveja).

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Colégio Nova Era no Sarau da Biblioteca de São Paulo

O caldeirão do Galdino vai ferver!

Os alunos da 8ª série, do Colégio Nova Era, programaram um sarau na tarde deste sábado, das 15h às 18 horas, na Biblioteca de São Paulo.


Pais e professores fazem parte da atividade cultural.


Poesia e muita música!


Digno de nota: millll!


Lição de casa pra ser reproduzida na rede escolar.


Cultura é: o que se planta dá!



Sarau da Biblioteca de São Paulo

Sábado, 16/10, das 15h às 18 horas
Av Cruzeiro do Sul – Pq da Juventude
Estação Carandiru do Metrô
Apresentação: Carlos Galdino
Organização: Mapa da Poesia/Poiesis

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Vivendo poesia, com Marcelo Tadeu!

Casa das Rosas. Oficina de criação literária. Cigarros e coincidência, no intervalo:

Ele - Mora onde?

Eu - Campo Limpo.
Ele - Conhece o Martinica?
Eu - Íííí... joguei muito.
Ele - Meu pai está sempre lá.
Eu - Quem é seu pai?
Ele - Pedrão... (Não precisou terminar)
Eu - Pedrão Damasio!

Pequeno grande
mundo. O recém conhecido é filho de uma amigo de longa data. Pedrão Damasio. Dos bons tempos do futebol varzeano.

Consideração imediata. Ficamos amigos. A poesia é nosso papel. A récita nos saraus agora quebra a rotina diária.


Participante do grupo Poetas do Tietê, rapaziada motivada que não deixa palavra assentar.
Vi o vídeo gravado no Museu da Língua Portuguesa, homenagem ao poeta Fernando Pessoa. Arlequinal!

Experiência que se avoluma no palco e nas ruas.

Em sua quarta edição, o Vivendo Poesia alinhavou e-mails com o poeta Marcelo Tadeu...

Pé - Qual seu nome completo? Idade e o estado civil? Bairro onde mora?

Marcelo - Marcelo Tadeu Costa, 39 anos, solteiro, moro no bairro do Jaraguá.

Pé - Qual a profissão? Trabalha com quê? É formado? Estuda?

Marcelo - Economista. Trabalho há 20 anos na área administrativa financeira.

Pé – O time do coração?

Marcelo - Sport Club Corinthians Paulista, é claro...

Pé – Participou de antologias?

Marcelo - Ainda está em fase de elaboração, Antologia “Poetas do Tietê”, se tudo correr bem, realizaremos o lançamento no ano que vem.

Pé – Tem livro publicado?

Marcelo – Sim. Presença Poética. Uma coletânea realizada no Parque da Água Branca. O livro nasceu na oficina de poesia do Prof. Sodré, que acontecia todos os sábados.

Pé – Participa ativamente de algum sarau ou grupo? Como e quando começou o envolvimento, local?

Marcelo - Participo do Grupo Poetas do Tietê. Normalmente, nos encontramos no espaço cultural Tendal da Lapa. Comecei inicialmente participando de uma oficina que eles realizavam todos os sábados – Papoetaria - no próprio Tendal. Até me integrar ao grupo e começar a participar do seu trabalho.Todo mês fazíamos um sarau, onde era escolhido um tema e cada poeta escrevia sobre ele. Os Poetas do Tietê realizaram alguns trabalhos interessantes, como: Exposição de obras de artistas que utilizam o lixo para fazer arte, onde cada poeta escreveu sobre uma obra. Homenagem do Tendal da Lapa à chegada da Primavera. Sarau na inauguração da Biblioteca do Céu Parelheiros. No aniversário de São Paulo fizemos um sarau na Ponte das Bandeiras, ao ar livre. No museu da Língua Portuguesa homenageamos o poeta Fernando Pessoa. Hoje, visitamos saraus pela cidade. Nos encontramos todos os sábados para conversar e escrever poesia, e ainda gravar alguns vídeos que estão postados em nosso site: http://poetasdotiete.blogspot.com/


Pé - Garantir o próprio sustento através das criações literárias, da palavra, venda de livros, é utópico?

Marcelo - Acredito que não é utópico. Mas, na realidade brasileira, isto é um privilégio de poucos. Na poesia, por exemplo, é muito difícil. Já que, ler livros de poesia não é cultura do nosso país. Talvez, alguns, com um pouco de sorte, talento, e muita luta possam conseguir. Mas a batalha é dura. Em minha opinião é nas escolas que poderíamos mudar este panorama, a longo prazo. Poesia pode ser matéria de aula. Torneios poéticos podem ser realizados. Saraus promovidos. E constantes homenagens a autores consagrados. Isto acontecendo, do ensino fundamental até o ensino médio, teremos uma nova geração de poetas e leitores, também. Sei que isto é um sonho...

Pé - Você tem conhecimento e como você avalia os incentivos dados pelos governos em prol da cultura na periferia?

Marcelo - Sabemos que investimento não é tão alto e que deve melhorar. Mas, gostaria de fazer uma observação. Já participei de muitas coisas boas e gratuitas; cursos de teatro, música, e outros. O que eu pude perceber, é que não era muito divulgado e diversas vezes faltava público. Conclusão: o pouco que tem não é aproveitado.

Pé - Como a poesia passou a fazer parte da sua vida?

Marcelo - Comecei a gostar e a escrever poesias aos15 anos, infelizmente muita poesia eu joguei fora. Mas, apenas anos mais tarde, foi que me interessei em mostrar o meu trabalho. Tudo começou no Parque da Água Branca onde participei, por alguns anos, de uma oficina de poesia promovida pela UBE União Brasileira de Escritores, ministrada pelo professor Sodré. Lá discutíamos poesias de autores conhecidos, e poesias dos próprios participantes. Além de conversarmos sobre diversos assuntos. Política, meio ambiente e outros, que seriam usados posteriormente na criação de novas poesias. Constantemente eram feitos saraus no auditório ou no parque ao ar livre.

Pé - Qual seu autor preferido?

Marcelo - Não tenho um autor preferido. Gosto das boas poesias. Meu conceito de boa poesia é aquela que me faz pensar. Me faz lembrar. E, de alguma forma, mexe comigo. Pode ser de um autor consagrado ou desconhecido.

Pé - Como você vê o atual movimento poético? A quantidade de saraus
espalhados por Sampa?

Marcelo - Vou responder em poucas palavras: É luta de quem ama a poesia e não quer que ela acabe.

Pé - A literatura está a serviço do social? Ela pode influenciar o país, politicamente?

Marcelo - Na literatura temos várias tendências, que abordam diversos assuntos, partindo deste pressuposto. Ela pode influenciar em todos os aspectos da vida, inclusive político.

– Recentemente tivemos a Bienal Internacional dos Livros, comente o fato de não termos nenhum estande dedicado aos escritores e poetas anônimos da chamada literatura marginal?

Marcelo - Também responderei em poucas palavras: É uma luta que começa agora.

Pé – O comentário que fica?

Agradeço a você Pezão e a todo o movimento espalhado por Sampa, que lutam pela poesia. Me perguntaram: porque você escreve poesia? Eu respondi:

Sei que um dia
Não estarei mais aqui
O meu corpo, a minha alma
Estarão em outro lugar
Que não sei onde é
Neste momento
Não quero discutir esse segredo
Apenas quero ressaltar
Que minha memória
Ficará aqui
Para sempre


Marcelo, mano, declama pra gente...

Caça ao Tesouro Perdido

Vai!
É chegada hora
Vá a sua caça
Não subestime o perigo
Saiba que muitos
Ficaram pelo meio do caminho
Outros, perderam suas vidas
Em busca do Tesouro Perdido

Veja aqui
Este é seu mapa
Vá pela Estrada da Inteligência
Logo chegará a Terra dos Mestres
Um povo de sábios
Que transformarão seu medo em coragem
Vão tirar de você, a cegueira de sua juventude
Te ensinarão a arte da guerra
E quando estiver forte
Vai!
Siga em frente

Pegue a Estrada das Pedras
E logo chegará a Terra dos Alucinados
Um povo estranho
Suas plantas os levam para um mundo distante
Com promessa de felicidade
Nada disso é realidade
Não caia em tentação
Siga seu caminho
E apenas diga
Não

Então chegará a Terra dos Amigos de Vidro
Não aceite as suas oferendas
Não importância às suas gentilezas
A intenção é levá-lo ao perigo
E quando precisar de ajuda
Eles se despedaçam
Como se nunca tivessem existido

Mais adiante chegará ao Vale dos Espíritos
Não tenha medo
Eles querem apenas a sua alma
Vencerá este obstáculo pela força de sua fé

E ao final da Estrada das Pedras
Encontrará um outro povoado
A Terra dos Amigos de Verdade
Lá, terá paz
Lhe darão água
Retome sua energia
Recupere sua força
E vá
Rumo a batalha final

Finalmente chegará a Terra dos Guardiões
Ali, bem na montanha está o Tesouro Perdido
Pela sua crença e medo eles não sobem até lá
Mas também não deixam ninguém subir
Se conseguir vencer
Limpe o sangue em suas mãos
Esqueça o passado
Comemore a sua vitória

Mas se perceber que alguma coisa ainda lhe falta
Vá em segredo
Pegue a Estrada das Águas
Até o Vale das Flores
Encontrará um povo simples
De casas de barro
Um povo festeiro, que cultiva a dança
Sua maior riqueza
É a sua alegria
É a sua fé
Então, em parte, encontrará o que quer
E alcançará a plenitude
No coração de uma mulher.

Marcelo Tadeu Costa

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Flávia de Lima na oficina do mestre Marcelino.

Estarmos juntos durante algumas horas significa muito. Nos conhecemos. E nem tanto.

A oficina do escritor Marcelino Freire trouxe inicial finalidade.

Raros e bons momentos.

Atriz, minha amiga, Flávia de Lima.

É dela os exercícios que estão compondo o nosso artesanal livro.


Micro contos

SEM TÍTULO
- Eu e você sempre!
- Mas sempre não é muito tempo?
*************************

PEDI PRA UM
- Preciso de paz!
- Não vende no supermercado?
*************************

PEDI PRA OUTRO
- Preciso de paz!
- Vou ver se tenho na carteira pra te emprestar, mas acho difícil.
*************************

SEM TÍTULO
Pior só chiclete
Quando gruda no cabelo.
*************************

REPARE
O monstro desse lago
Sou eu
*************************

CACETE
Se ao menos soubesse rezar


SEM TÍTULO
O gato cagão desapareceu
Há quem sofra por isso
************************

JOSÉ
Vire-se
Não faço mais essa porra
************************

BONÉ
Tudo seria diferente
Se tivesse visto sua cabeça
************************

SEM TÍTULO
Não sei se o mundo da lua é muito longe
Mas fui pra lá de vez
**************************

PORTEIRO
Depois dá uma olhada na criança
Pulo da varanda as 16h30


Resulto do exercício tema "Eu me lembro de um espelho"

CARA DE SANTO
Era lá que o Antônio ficava.
De frente para o espelho.
Olhando sua cara cor de prata, que na real era de lata. Por anos, anos e anos.
Foi colocado lá pela Dona Marinalva, segundo ela, ficaria ali de costa para o mundo e de frente para o espelho, até que sua filha, essa que vos escreve, na época só uma criancinha curiosa, tivesse um bom casamento.
Mãe deseja cada coisa!
Os anos foram passando, a criança foi crescendo, e o Antônio ali, de frente para o espelho. Engordurado, empoeirado e possivelmente revoltado, pois não deu ajudinha nenhuma, forcinha nenhuma, casamento nenhum.
Ao menos o santo não se vingou, vingança de santo deve ser implacável.
O Antônio ainda mora lá em casa. Não mais de frente para o espelho, e sim no guarda-roupa, com as bijuterias, perfumes e bugigangas.
E quando a porta se abre ele vê o mundo de frente.
E acompanhado do bebezinho simpático, faz cara de santo, que é o que ele faz de melhor.
A Dona Marinalva não assume, mas certamente se decepcionou com o Antônio. É que passou a ser devota de outro Santo, o que carrega a Palma e a Cruz.
Ele vive num quadro, pendurado na parede no quarto.
Ao menos está de frente para a janela.

Flávia de Lima, em cena de Paixão de Cristo, Taboão da Serra, com o ator e diretor Mario Pazini.


Oficina de Criação Literária do escritor Marcelino Freire

Instituto Artemanha de Teatro

Estrada do Campo Limpo, 2006.

Organização: Mapa da Poesia/Poiesis

Fone: 3331-5549

Priscila Preta na oficina do mestre Marcelino

Colega das tardes de sábado, da oficina de Criação Literária do escritor Marcelino Freire.

Que acontece no Insituto Artemanha de Arte, na estrada do Campo Limpo, 2706.

Conforme combinado, todos os participantes devem enviar os exercícios examinados na aula para serem arquivados e publicados aqui no blog.

A Priscila Preta chegou junto.


Micro conto

AVÍCOLA
Se você vai só me comer
Não precisa fingir que sou seu bichinho de estimação

Exercício "Eu me lembro de uma dor"

PIETÁ
Mãe me buscou na escola
Subia a ladeira de felicidade
Ia brincar
No nosso encontro Douglas
De palavras poucas
Olhar carinhoso
Atendia os clientes da boca
Sorriu, abraçou e subiu

Passei pelo portão
Escutei o barulho
Corri logo pro muro

Mãe olhou pro final

Eu olhei pro começo
Da rua vinha Olga
Sua mãe

Na cabeça de Douglas a luz atravessava
Jorrava a vida perdida na morte
Olga nome de santa e sagrada
Esculpiu com a pele da verdade
Pieta
Em branco e preto e vermelho
De um espinho sem fim
Me lembro da dor de um olhar cego
De uma mãe sem ventre
Enfim
Um grito mudo


O mestre Marcelino viajou pra terra natal e neste sábado, 16, teremos o início da oficina Dulcinéia Catadora, com a Lúcia, onde começaremos a montar nosso livro com papelão e papel reciclável.

Um pirulito pra quem chegar no horário. Aceita-se alunos novos. Também ganham pirulitos...


Oficina de Criação Literária do escritor Marcelino Freire

Instituto Artemanha de Teatro

Estrada do Campo Limpo, 2006.

Organização: Mapa da Poesia/Poiesis

Fone: 3331-5549

domingo, 10 de outubro de 2010

Poeta Marcelo Tápia, na Casa do Mário. Do Modernismo aos saraus na periferia.

Sexta-feira sampa! Primaveril feira de estações. Esquentou. Choveu. Garoou. Fez frio. O mormaço febril às 18 horas.

Fuga frenética. O indulto ao volante roubado fere as ruas da Barra Funda e região. Espalha perigosas manobras. Perseguição terra ar.

Bate e empurra traseira de outro carro forçando passagem. Não deu. Deu tresloucada marcha ré. Três motos arrastadas, destroçadas. Policiais saltam do apuro, antes. Salvam-se por pouco.

Acuado, o bicho ao volante engasga saída. Cercado. Engatilhados gatilhos tiros.

O olho da tela narra:

- Tem que matar. Tem que matar. É contra meus princípios. Sou contra matar! Mas tem que matar esse marginal! O carro é uma arma. Ele tentou assassinar os policiais. O revide é necessário. Vai morrer! Vai morrer! Ao vivo. Exclusivo. Tem que matar esse bandido!

O baleado deu sorte. Dessa, escapou à morte. O fato noticia trânsito medonho.

Ladeado em quilômetros. Nariz entupido. Escapamentos buzinam impaciência.

A Casa do Mário nos aguarda.

Chegamos finalmente chegamos. Já alguns amigos poetas nos esperam. É o nosso sarau, na última sexta-feira do mês.

Hoje o professor e poeta Marcelo Tápia faz a visita.

Pra todos foi complicado chegar, mas iniciamos a conversa.

Os declamadores se tornaram ouvintes. O visitante abre a mala. A literatura povoa a sala. A sala na casa do Mário de Andrade, onde tantas vezes filtrou o Modernismo.

Movimento literário fluente, influente água bebida no pós-fevereiro de 1922, e degustada hoje em nosso encontro.

O professor Marcelo esmiúça simplicidade ao tema. Bebemos sumo.

A nova criação poética surgindo. Os motivos. Os efeitos da revolução industrial. A Europa em futurismo. A máquina. O motor. A velocidade. O passado jaz.

Em São Paulo, abraçados, o simbolismo e o parnasianismo não mais enlaçam. Esvoaça insatisfação.

A palavra busca nova sentença. Despida de amarras. Dos moldes pré-estabelecidos.

A forma. Linhas impostas. O recheio não mais satisfaz.

É o ferro. O aço. A forja. A prensa. A inventividade. O nacionalismo crescente. Síntese: ação e transformação.

E o Marcelo Tápia conta viagem da pintora Anita Malfatti, à Europa, e seu retorno trazendo contornos de outros traços tingidos em novas cores. O Fovismo.

Escândalo. O crítico Monteiro Lobato diminuiu a arte, desqualificou a tela. A atitude irritou os parceiros e desencadeou brasileirismo em nossa literatura.

A Semana da Arte Moderna, em 1922, foi o marco.

Tivemos, na sexta-feira, mais de duas horas de informações esplanadas na ideia e na imagem.

Mário de Andrade sentiu-se em casa. Oswald tomou café. E o mestre enfatizou a participação de Guilherme de Almeida, um dos mais produtivos modernistas.

Os versos, a récita, o canto de guerra. Os gambás e maracás. Vimos mais. Muito mais.

O verso quebrado, o ritmo, o som. O espaço tempo, quarta dimensão. Nada existe. Tudo acontece. É ação. A palavra em ação. Livre.

Melhor assim, sem enganjamentos. Aprisionamentos. Oração liberta, em cada um.

E, no diálogo, a realidade atual. Os saraus. O paulistano movimento da poesia escrita e falada ascende da periferia e ilumina tantas fogueiras.

Mas a antropofagia periférica não há de ser diferente do antropofágico tratado, de Oswald de Andrade. É comer e saciar-se no que de há de melhor, também!

E defecar nossa brasilidade globalizada.Verso bala, ponta de fecha. Apreender, cortar, refazer e refazer bem feito. Reinventar.

Quem quis ver, viu mais.

O apetite do poeta Marcelo Tápia contagia. Valeu!

Aos que não puderam chegar, sentimos. Aos que compartilharam, curtimos.

Até a próxima e salamaleque pra todos nós!

Sarau na Casa Mário de Andrade!

Rua Lopes Chaves, 546. Barra Funda.

(Próximo à estação Marechal do Metrô)

2ª sexta-feira de cada mês.

Apresentação: Marco Pezão e Lids.

Organização: Mapa da Poesia/Poiesis

Informações, 3331-5549, com Cris, Lids ou Marco Pezão

É só chegar pra ser bem-vindo!