terça-feira, 12 de outubro de 2010

Flávia de Lima na oficina do mestre Marcelino.

Estarmos juntos durante algumas horas significa muito. Nos conhecemos. E nem tanto.

A oficina do escritor Marcelino Freire trouxe inicial finalidade.

Raros e bons momentos.

Atriz, minha amiga, Flávia de Lima.

É dela os exercícios que estão compondo o nosso artesanal livro.


Micro contos

SEM TÍTULO
- Eu e você sempre!
- Mas sempre não é muito tempo?
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PEDI PRA UM
- Preciso de paz!
- Não vende no supermercado?
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PEDI PRA OUTRO
- Preciso de paz!
- Vou ver se tenho na carteira pra te emprestar, mas acho difícil.
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SEM TÍTULO
Pior só chiclete
Quando gruda no cabelo.
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REPARE
O monstro desse lago
Sou eu
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CACETE
Se ao menos soubesse rezar


SEM TÍTULO
O gato cagão desapareceu
Há quem sofra por isso
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JOSÉ
Vire-se
Não faço mais essa porra
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BONÉ
Tudo seria diferente
Se tivesse visto sua cabeça
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SEM TÍTULO
Não sei se o mundo da lua é muito longe
Mas fui pra lá de vez
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PORTEIRO
Depois dá uma olhada na criança
Pulo da varanda as 16h30


Resulto do exercício tema "Eu me lembro de um espelho"

CARA DE SANTO
Era lá que o Antônio ficava.
De frente para o espelho.
Olhando sua cara cor de prata, que na real era de lata. Por anos, anos e anos.
Foi colocado lá pela Dona Marinalva, segundo ela, ficaria ali de costa para o mundo e de frente para o espelho, até que sua filha, essa que vos escreve, na época só uma criancinha curiosa, tivesse um bom casamento.
Mãe deseja cada coisa!
Os anos foram passando, a criança foi crescendo, e o Antônio ali, de frente para o espelho. Engordurado, empoeirado e possivelmente revoltado, pois não deu ajudinha nenhuma, forcinha nenhuma, casamento nenhum.
Ao menos o santo não se vingou, vingança de santo deve ser implacável.
O Antônio ainda mora lá em casa. Não mais de frente para o espelho, e sim no guarda-roupa, com as bijuterias, perfumes e bugigangas.
E quando a porta se abre ele vê o mundo de frente.
E acompanhado do bebezinho simpático, faz cara de santo, que é o que ele faz de melhor.
A Dona Marinalva não assume, mas certamente se decepcionou com o Antônio. É que passou a ser devota de outro Santo, o que carrega a Palma e a Cruz.
Ele vive num quadro, pendurado na parede no quarto.
Ao menos está de frente para a janela.

Flávia de Lima, em cena de Paixão de Cristo, Taboão da Serra, com o ator e diretor Mario Pazini.


Oficina de Criação Literária do escritor Marcelino Freire

Instituto Artemanha de Teatro

Estrada do Campo Limpo, 2006.

Organização: Mapa da Poesia/Poiesis

Fone: 3331-5549

2 comentários:

  1. Oi Pé!
    Vc tem mais fotos da Paixão??? Pôxa podia me enviar por email heim, é q não tenho praticamente nada.
    Bem legal ver meus textos aqui.

    Bj

    Flávia D'Álima

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  2. Eu conheço a Flavia é amiga da minha Tia Tania adorei as fotos bom trabalho bjoss

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