sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Fotos e fatos

O convidado Poesia na Brasa, da Vila Brasilandia, marcou a despedida do Sarau do Metrô, na estação Santa Cecília, em 26 de outubro. De casa nova, na estação Paraíso, o Elo da Corrente comanda o palco na terça-feira, 30 de novembro, das 18h às 19h30.

Microfone aberto, no derradeiro do ano, terça-feira, 21 de dezembro, o Sarau do Metrô Paraíso vem trajado de confraternização. É o Sarau do Abraço.

E a Casa das Rosas virou Mansão Macabra, no halloween de 30 de outubro. O sarau atravessou a meia-noite e foi de assustar.

A plateia lotou as cadeiras, mas faltaram declamadores. Mas, evocado o Satã, de Boudelaire, os presentes se apresentaram e a poesia ganhou voz.

Não fomos muitos, mas o bastante para nos divertirmos com a palavra.

O poeta Atanágoras atendeu ao chamado satânico.

Satanicamente falando. O nosso colega leu o Návio Negreiro, de Castro Alves, inteirinho! E ninguém reclamou.

"Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais..". Gente nova apareceu.

E o Dirceu servindo ao mestre das profundezas declamou várias.

E a madrugada, sinistramente de pernas belas, se completou com o Zé do Caixão e seu séquito.

Em conversa descontraída, Donny e Mojica.

"Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria"...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vivendo poesia, com Augusto!

Ao centro, o Augusto. Poeta conhecido nosso. Bons anos de Cooperifa. Hoje aqui no Binho. Remeti ideia no e-mail e a resposta foi o bate papo dos teclados que agora preenche o nosso Vivendo Poesia:

Pé - Qual seu nome completo? Idade e o estado civil? Bairro onde mora?

Augusto - meu nome é augusto cerqueira neto, tenho 32 anos, apaixonado e moro na piraporinha.


Pé - Qual a profissão? Trabalha? É formado? Estuda?

Augusto - sempre trabalhei atrás de balcão, vendendo coisas, mas agora não estou trabalhando, não.

estudei até o ensino médio e parei. ou seja: vagabundo nato!

Pé - O time do coração?

Augusto - simpatizo com o corinthias.


Pé - Participou de antologias?

Augusto - sim. participei do rastilho da pólvora, pelas periferias do brasil e d´um segredo no céu da boca.


Pé - Tem livro publicado?

Augusto - ainda não.


Pé - Participa ativamente de algum sarau ou grupo? Como e quando começou
o envolvimento, local?

Augusto - basicamente estou sempre nos saraus que acontecem na zona sul. a cooperifa é do lado da minha casa, então é de lei eu estar lá nas quartas. adoro ir n´ademar, na fundão e no binho também. lembro a primeira vez que eu fui em um sarau, levado pela minha irmã. foi logo na cooperifa. era 2003. nesse dia mesmo recitei 'geni e o zepelim'. o povo gostou e desde então estou por ai lendo poesias minha e dos outros.


Pé - Garantir o próprio sustento através das criações literárias, da palavra,
venda de livros, é utópico?

Augusto - certa vez vi o marçal aquino dizer que tem uma igreja com dois mil fiéis, que é a quantidade de livros que ele vende em cada lançamento.

para um autor do cacife dele, acho pouco. o leitor brasileiro se deixa levar pela lista dos dez mais da veja e muitas vezes desconhece os autores nacionais. essa é a realidade.
eu acredito piamente que além de textos e poesias, estamos criando, sim um mercado paralelo na periferia onde o livro feito com apoio ou independente são consumidos pelos amigos e por quem frequenta os saraus. daí a garantir o próprio sustento, vai do talento. mas não acredito que seja utopia.


Pé - Você tem conhecimento e como você avalia os incentivos dados pelos
governos em prol da cultura na periferia?

Augusto - não tenho muito conhecimento do processo burocrático para conseguir um apoio do governo na produção artística, mas conheço muita gente que tá correndo atrás e fazendo coisas maravilhosas com essa grana ai. vide o livro da brasa e o curta saraus.

acho super valido nos organizarmos para cada vez mais trazer essa moeda pra cá, se não vai sobrar é pros consagrados mesmo.

Pé - Como a poesia passou a fazer parte da sua vida?

Augusto - a poesia entrou na minha vida através das musicas que minha mãe cantava.

ela me ensinou a gostar de roberto carlos (um dos grandes poetas vivos. rs).
aprendi a ler muito cedo também. lia aquela coleção 'para gostar de ler' onde fui percebendo as diferentes formas de textos.
e a poesia sempre foi a minha preferida.
escrevia para as namoradinhas da sala, nos aniversários das tias ou quando alguma coisa me sensibilizava.

Pé - Qual seu autor preferido?

Augusto - um só? rs.
quando leio esses dois estou perto do céu: dostoiévski e buckowski

Pé - Como você vê o atual movimento poético? A quantidade de saraus
espalhados por Sampa?

Augusto - vejo com muito entusiasmo.

é maravilhoso você saber que, em qualquer dia da semana você pode ouvir e ser poesia nessa cidade concretada.


Pé - A literatura está a serviço do social? Ela pode influenciar o país
politicamente?

Augusto - a literatura consumida hoje em são paulo, não esta a serviço do social, mas vejo essa tendência em muitos textos da galera que vai nos saraus da periferia.

acho meio complicado falar pelos outros em literatura. escrever é uma atividade extremamente solitária.
o brasileiro sendo altamente influenciavel, pode vir a descobrir esse nicho da 'literatura social' que esta se formando e, ai sim, criar juízo e parar de votar no PSDB. rs


Pé - Recentemente tivemos a Bienal Internacional dos Livros, comente o fato
de não termos nenhum estande dedicado aos escritores e poetas anônimos
da chamada literatura marginal?

Augusto - o fato é esse: o livro no brasil é visto como entretenimento e não como agente transformador.

acredito que nós, periféricos, traremos essa visibilidade para o "objeto" livro e só então participaremos de um evento desse porte.
mas isso também não me chateia. trabalhei nas ultimas duas bienais e aquilo lá parece esteira de aeroporto: só tem mala!
temos é que organizar os nossos próprios eventos. o mutcho, lá do jd.helga, está organizando o 'festival desgramado de cinema'.
isso é legal. o caminho é por ai.


Pé - O comentário que fica?

Augusto - caros queridos; escrevam suas impressões de mundo antes de ir pra cama. ele se mostrara melhor para vocês.
e visitem o meu blog de vez em quando, pois eu mesmo só vou la nessa periodicidade. kkkkkkkkkkkkkk
força na piruca!

Aí o mano Augusto. Participou com a gente da oficina de microcontos e curtimos reencontro. A poesia nos edita:

haviam seis homens do hindustão,

inclinados muito ao saber,
que foram ver um elefante
mesmo sem a faculdade de ver.
queriam apenas com a observação
suas mentes satisfazer.

um,chegando ao elefante,
contra a lateral se bateu.
tateando seu flanco largo
disse como em apogeu:
"sem mistério, o elefante
é um muro que alguem ergueu.

o segundo , tocou a presa
e disse com confiança:
"redondo, liso e afiado...
poderosa é a semelhança
que o prodigioso elefante
tem com a esguia lança.

o terceiro foi ao elefante
e logo fez sua manobra.
pegou a tromba do animal
e disse com certeza de sobra:
"eu falo só o que vejo;
o elefante parece uma cobra."

o quarto tocou avidamente
um pouco acima do joelho.
"esse maravilhoso bicho,
vejo claro como um espelho...
é sabido que o elefante
com uma arvore faz parelho."

ao quinto, coube a orelha.
ele disse:"até de pileque,
eu nunca que negaria,
pro idoso ou pro moleque,
que o maravilhoso elefante
se parece com um leque.

o sexto se preciptou
a tatear o elefante.
pegando no rabo do bicho
disse no mesmo insatante:
"posso ver que essa fera
é parecida com um barbante."

os seis cegos do hindustão
criaram um grande enfado.
cada um com uma "visão",
estavam totalmente errados
e ao mesmo tempo estavam certo
naquilo que tinha notado

domingo, 14 de novembro de 2010