Localizada no Jd. Peri Peri, na rua Junta Mirumoto, 13, a Casa da Cultura do Butantã representa a parte maior dos anseios daqueles que fomentam a arte, em todas suas projeções, pelos bairros da periferia.
Com salas espaçosas e dotada de um belo palco de teatro, ali, sim, é possível fazer da aprendizagem um prazer.
E, com prazer, lá participei do Sarau Lítero-Dramático Musical, tendo como tema a Mulher, em comemoração ao seu Dia Internacional.
Organizado pelo curador Guilherme Bonfim, o evento aconteceu no sábado, 6 de março, reunindo artistas e poetas num show de mais de duas horas.
Gosto de lembrar. Na maioria, somos participantes anônimos. E é muito bom escrever um poema pra depois declamar. É o nosso pensamento que flui situações diversas. Não importa qual o assunto, os aplausos são a graça paga.
E digo peri peri... porque cresci na cercania, e muitas vezes tomei banhos no córrego Pirajussara. Depois de canalizado, é por onde passa a Avenida Eliseu de Almeida.
Sob o acesso à Raposo Tavares, a lagoa Tinta. Ali, a meio século de distância, era a feria, de campinhos, terrenos vazios, casas simples de gente trabalhadora.
Mas vamos ao importante. Na abertura do sarau, a história do 8 de março esteve presente.
E nunca é demais relembrar que, em 1857, na cidade de Nova Iorque, operárias de uma fábrica de tecidos reivindicavam melhores condições de trabalho e foram reprimidas com total violência.
Por protestar pela redução da carga diária de trabalho para dez horas; elas trabalhavam 16 horas...
Para equiparar os salários com os operários homens; elas recebiam somente um terço para executar a mesma função...
Por almejar tratamento digno, tiveram resposta vil.
A fábrica ocupada foi incendiada e 130 tecelãs morreram carbonizadas.
A origem da data aí reside, mas somente em 1975 a ONU oficializou, por decreto, o 8 de março. Tardia homenagem às mulheres, parceiras e guerreiras desse mundão de nós, meu Deus.
O Jd. Peri Peri já não é a feria do meu tempo. Cresceu e tem uma Casa de Cultura. Que legal! (“Que legal!” é antigo).
Do Sarau da Casa da Cultura do Butantã, publico as fotos, guardo lembranças e dedico aos novos colegas o poema “Adolescente”, de Cecília Meireles...
Marco Pezão