terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Passageiro da garoa

Nada é igual nunca!
Aprendeu
diária lição. Paulistana cidade.

Da Francisca Miquelina, Bela Vista,
Teve que chegar à rua Direita.

Primeiro contato sozinho,
Inicial emprego aos 16 anos.

Da rua Maria Paula, a confusão começou
Entre os viadutos Brigadeiro e Dona Paulina.

Entrou por um, resolveu que era outro;
Abaixo, o vale coberto por natural vegetação.

Favela do Vergueiro. Futura avenida 23 de maio.

Olfato visão ansiosa.
Aprendiz de ofício: mecânico de máquinas de escrever.

Gasolina ar lubrifica sonhos altivos. Rua Riachuelo atravessou.
Largo São Francisco! Procurou se informar.

Percebeu estátua nua. Desembocou na São Bento.

Estendido o olhar, comércio de lojas a perder de vista.
Multidão de cabeças ligeiras. Dobra José Bonifácio.

Quadra abaixo turbulência de carros. Libero Badaró.
Caminhou calçada clamor de buzinas.

Farol à esquerda!
Permeia bondes trilhos...

Loja. Fachada. Relógio.
Os ponteiros admiráveis marcam onze horas.

Mappim explodindo gente.
Anhangabaú. Praça da Bandeira e 9 de Julho avista!

Povo descendo escada de um lado saindo do outro:
Xavier de Toledo. Que diabo!

Tunelzinho abaixo do chão.
Surgem vitrines. Explosão de pessoas, cores e artigos.

Cadê a rua Direita?
Teatro Municipal...

Barão de Itapetininga...
Praça Ramos de Avezedo...

Conselheiro Crispiniano?
Cadê a rua Direita?

- Fica ali. À direita. Atravessando o Viaduto do Chá.

Viaduto do Chá? Porque chá e não café?
Praça do Patriarca. Escada rolante.

O mirante erguido sobre o banco Moreira Salles.

Que frio na barriga, elevador. 20º andar!

Perplexos olhos colados ao vitrô
Invadem estranha paisagem.

Do escritório, saiu voando pra vida
Com a primeira carteira de trabalho, assinada.

II

Há muito avanças além dos rios que te cercam.
Bairros, vilas, comunidades se multiplicam

Ao sopro das chaminés. A que ponto e a que preço?
Metrópole dos meus anseios?

Invadida. Mulher conquistada e não querida,

Já não ouves a súplica dos desempregados.

Desgarrados da brasileira nação,
Em teu solo buscam mudanças!

Paulicéia mundo. Paulicéia mundo.

Concreto espelha rica
Fria Paulista avenida...

Rosa dos ventos lança despejos!

Alagados sem desejos.

Paulicéia mundo. Paulicéia mundo.

Habitante telhado em meia água,
Que, apreensivo, aprecia, atrás das lentes, sisudo horizonte

E o noticiário na tv...

- Sampa!

Concreto. Asfalto. Pouca terra!

Não mais aquela garoa.

Ele adorava tomar banho de chuva!

Não acredito que o Gabriel morreu afogado na rua da Mooca!

Nenhum comentário:

Postar um comentário